Postagens populares

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A saga















A saga

El'Condor de Oliveira

Um nome, um ser, um povo
Um menino guerreiro
Nova luta na guerra
Num sumo canavieiro
No tal reino português
Suado caldo negreiro.

Uma gente tão séria
Mais nenhuma riqueza
Um povo muito pobre
Diante de uma nobreza
Sem cobre o povo seguia
Vivendo na pobreza.

Eis que nasce o menino
Um pequeno valente
Nesse felino mundo
Nessa terra carente
Os familiares mortos
Era ele diferente.
Nesse mundo desigual
Assim foi ele crescendo
A fetal vida pobre
Que desaparecendo
Por letal carabina
Viu sua raça morrendo.

Na pele que sangrava
Um tiro, muitos cortes
Mais não parava a vida
Mais teve muitas sortes
Foi lavada de sangue
Numa terra de mortes.

De uma gente que sofria
Ia nascendo a história
Mais morria aquele povo
Nesse solo da inglória
Crescendo aquela criança
Pensando na vitória.

O menino não soube
Do começo sangrento
Que sua família morreu
Que por um rei birrento
Dono da terra que nascia
Nasceu tanto lamento.

Tudo lá no seco sertão
Na serra da barriga
No meio de tanta luta
E também muita intriga
Que irmão nosso nasceu
No meio de dura briga.

A criança arrebatada
Ela ilesa saiu dali
Adotada por padre
E passou a morar ali
Orfanada na igreja
Leva vida de rali.

Do padre protegido
Sendo dele afilhado
Constrangido muito foi
Até sendo pilhado
Discriminado também
O corpo desfolhado.

Passando o tempo aprendeu
A linguagem do latim
Logo também compreendeu
Outra disciplina afim
Matemática entendeu
E a vida ele levou assim.

Crescido o rapaz fugiu
Por um sertão perdido
Sumiu naquela terra
Depois de ter partido
Quando uma serra viu ele
E valeu ter seguido.

Era uma terra sombria
Passou vários canaviais
Vida de cor coberta
Com muitas casas tribais
Que toda carne rangia
Nos chicotes canibais.

Cortes profundos n'alma
Era a saga do abuso
Calma a vida não tinha
Era muito confuso
Embolava do trauma
Poder do povo luso.

Corria pelo tal ouro
Também pela tal cana
Vivia vida de doido
Por açúcar sacana
Tirava o couro dele
Pra o luso ser bacana.

Não tem família o rapaz
Uma ele logo adotou
Demonstrando sua força
Na batalha não abortou
Por que sagaz muito foi
Um cargo também dotou.

Senzala da dor pura
Chicote da crueldade
Cultura desumana
Discriminalidade
Cura de castigo e fé
Dessa tal insanidade.

E virou fortaleza
Tornando-se guerreiro
Um homem que planeja
Ser puro e verdadeiro
Muita destreza e força
Usou punho certeiro.

Lá bem no alto da serra
Onde a vida acontecia
Era um lote de solo
A fuga permanecia
Emperra liberdade
Ele mais luta tecia.

O luso era sacana
Era grande a tentação
Por que cana era tudo
Na forçada produção
Mais ali irmana tudo
Com força no coração.

Dali tudo tirava
Sendo plantado colhia
Escambo isso virava
Na troca o luso escolhia
Quilombo não parava
O escravo nunca acolhia.

A guerra não convencia
Por luta desigual
O escravo morria sempre
Era fenomenal
A guerra sempre vence
Na luta descomunal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário