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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Entre a descrição e a discrição


Entre a descrição e a discrição

El'Condor de Oliveira

Descrevia uma flor
sem nenhuma discrição
via o brilho do olhar
indiscreto deixava transparecer
na descrição de outro olhar
a beleza que acanhava.
Descrevia uma flor
nada discreto
pois os olhos lhe cultivava
e um coração inquieto
sem discrição apaixonava.
Discretamente a flor balançava
madeixas ao vento
como pétalas abertas
descrente de tudo lhe descrevia
com o coração sangrando entusiasmado.
Descrevia uma flor
entre ser discreto sem discrição
pois o olhar denunciava
o pulsar de um coração
que perdido seguia seu balanço
enfeitiçava discretamente
um coração descrevia
que se perdeu completamente.
Discrição não se tinha
quando descrevia
o perfume da mais bela flor
amargura dor sentida
desse sal azedo sofredor
que sem nenhuma discrição
declarou seu amor.
Entre a descrição e a discrição
a flor fugiu do algoz descritor
discreta no seu charme de rosa
desprezou seu jardineiro
que morre lhe descrevendo.


domingo, 9 de dezembro de 2012

Na rede

Comunidade El'Condor de Oliveira

Na rede

El'Condor de Oliveira

Armei minha rede no rio
como um pescador inábil
não observei o lugar
deixai-a displicente
encostei-me na sombra
e fiquei a esperar...
contemplei a relva
flores miúdas multicores
enfeitavam a solidão das águas
de repente veio aquela lembrança
ali no tronco da árvore
rabisquei um coração partido
e fiz versos desencontrados
permiti que os olhos chorassem
naquele silêncio enlouquecedor
mais as lágrimas ácidas e salgadas
manchou a flor do meu jardim...
na rede havia um peixe
este muito feio chamado tristeza
devolvi ao rio, armei a rede
novamente na sombra
fui tirando a casca da árvore
ferindo-a como meu coração
na rede havia um peixe
era muito esquisito chamado dor
lancei ao rio, armei a rede
ajoelhei ao pé da árvore
para fazê-la derramar seu sumo
apertando-a contra o peito
pois era meu coração que sangrava...
na rede havia um peixe
um peixe chamado saudade
contemplei sua beleza, apesar de triste
lembrou-me de um tempo
que não havia lágrimas de dor
cantava, assobiava, ria, fazia poesia
mas saudade é saudade, devolvi ao rio...
armei a rede e voltei a furar a árvore
no lado esquerdo do coração uma grota
na rede havia um peixe
este era todo vermelho como o sangue
que dilacerava o veio da árvore
seu nome é muito devastador
apesar de belo é um peixe feminino
chamado de paixão
sangrava a árvore, sangrava meu coração
lancei-a ao rio, mas ela voltou
e penetrou na raiz da árvore
e pelo vazio me fisgou e não quis ir embora...
estava tarde fisgado, perdido
armei a rede pela última vez
escurecia, a árvore sangrava
dei-lhe um beijo de despedida
na rede havia um peixe
o mais lindo de todos
não devolvi para o rio
trouxe-o comigo e ele é só meu
deixei o rio no seu silêncio
as flores exalando
a árvore sangrando
e meu coração perdido
veio carregando a dor do amor...
a rede na rede na lentidão
do descompasso da lágrima
desse desprezo que é dado
da busca da cura sem remédio...

sábado, 1 de dezembro de 2012

A tua voz


A tua voz

El'Condor de Oliveira

A tua voz soa como bálsamo
quando a escuto o coração dispara
e acelerado vai como tambor.
Eu estremeço, o corpo fica mole
a garganta dá um nó
quando escuto a tua voz.
Sinto o seio do tempo me tocar
como se fosse um beijo
vindo num balão que perdido no ar
deixa a minha alma encantada.
Como é bom te ouvi
ainda que distante de mim
revigora os dias de vida
como posso te esquecer?
Se o teu cheiro encravou na entranha
e me invadiu mesmo sem desejar
tirou o sono, a fome e enfeitiçou-me
e de garganta seca soluço teu nome.
Basta ouvir a tua voz
para meu corpo extasiar
é tudo que sinto
não dá mais pra se apagar
pois a tua voz me prendeu
nada é mais como antes.
Com os olhos abertos ou fechados
vejo a tua imagem, ouço a tua voz
não te esqueço, é noite e dia
tramando a trilha da tua essência
como é bom ouvi a tua voz
como posso te esquecer?
Se basta a tua voz
para meu mundo evoluir.